Margarida Maria Viana Sales
Teóloga/Psicopedagoga/Esp. em História
Nesse tempo de Quaresma a Igreja Católica Apostólica Romana de acordo com os seus ensinamentos doutrinários, convida a todos os cristãos a fazer momentos de reflexão sobre a vida, paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo o nosso Salvador, ao mesmo tempo em que pede um pouco de recolhimento de vida interior para pelo menos um vez no ano levar mais a sério seus propósitos de vida, e fazer um balanço de como estamos vivendo.
Um dos pontos fortes para manifestar atitudes que venham realmente manter a contrição dos nossos atos e dar vasão ao sentido de tão grandioso momento é o JEJUM E A ABSTINÊNCIA.
Nos tempos dos profetas, Deus suscitava entre o seu povo, uma forma de retratação e expiação das transgressões cometidas contra Javé, através do jejum e da abstinência. Não obstante nos dias atuais a Igreja mantém essa podemos dizer tradição, que é de maneira tal, Bíblica.
No Livro de Isaías 58,1-14 o senhor Deus alerta para a forma como devemos jejuar, não de qualquer maneira, não para nos beneficiarmos das coisas que queremos e da forma como queremos, mas sim, para “desatar os laços provenientes da maldade, desamarrar as correias do jugo, dar liberdade aos que estavam curvados”, “partilhar o pão com o faminto”, acolher “os pobres sem abrigo”, “se vires alguém nu, cobri-lo-ás”, “diante daquele que é a tua própria carne, não te recusarás” (Is 58, 6-7).
É através do jejum que Deus restabelece o homem humilhado. Transcende aqui a glória de Deus, e não o regozijo do homem, par isso é necessário se dispor em abdicar de seu orgulho, avareza e pobreza de espírito, não tornando-se igual, mas acolhendo o outro com ele é, com toda benevolência e justiça, para que diante do homem contrito caminhe a glória do Senhor.
Dessa forma se constata em Isaías que o Senhor Deus abençoa aquele que age para a glória do Senhor e não para a sua própria glória, e “então o Rei dirá: vinde, benditos do meu Pai, recebei em herança o Reino que foi preparado para vós desde a fundação do mundo. Porque eu tive sede e me destes de comer; tive sede e me destes de beber, eu era estrangeiro e me acolhestes; estava nu, e me visitastes; na prisão, e viestes a mim.” (Mt 25,35-36) . Para Jesus este também é o verdadeiro jejum, pois onde está o Filho aí também está o Pai, e vice-verso. Não só no sentido de que deus está presente em Jesus em Deus e Deus em Jesus, mas sim reconhecermos no outro ser humano fragilizado essa presença de ambos, e possamos nos tornarmos um em Cristo Jesus,
É nesse sentido de solidariedade, justiça e amor plenos da graça de Deus que a Igreja mantém viva no Espírito santo de Deus a grande graça de nos reconhecermos pecadores por nossas grandes falhas para com nossos irmãos e ainda termos a oportunidade de nos retratarmos e recomeçarmos na graça de Deus, diante de nossos irmãos, humilhando-nos até reconquistarmos o caminho que é Jesus em nossas vidas e plenificarrmos a glória de Deus Pai.
Abster-se das maravilhas de Deus é deixar te ter o Céu presente em nós. Não podemos confundir. Jejuar, como foi nos dado a graça de entendermos, é servir sem medida deixando de lado as nossas fomes de grandeza, e fazer abstinência não é só deixar de comer carne nos dias de preceito da Igreja que nos faz lembrar nesses dias, que devemos nos tornar pequenos para que a gloria de Deus seja vista em todo tempo e lugar, principalmente no coração do homem, que deve buscar nos pequenos gestos e tornar-se cinza para renascer na graça.
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