“Esse povo me louva com os lábios, mas seu coração está longe de mim”. (MT 15,8)
A Palavra Liturgia deriva de dois vocábulos gregos:
Leiton = povo
Engon = ação, serviço dedicado
Nas Sagradas Escrituras a palavra aparece pela primeira vez na tradução grega (LXX), onde o Culto e os Ritos praticados sob a Lei de Moisés eram assim chamados.
No Novo Testamento parece principalmente nos escritos de Paulo com três sentidos diferentes:
v um profano – designando qualquer serviço pessoal ou coletivo;
v um cultico designando rituais de celebração;
v um vivencial quando se refere ao culto a Deus.
Na Didaqué (Doutrina) vai designar a ação de Cristo o único participante do seu
sacerdócio (culto) profético (anúncio) e régio (serviço de caridade).
Portanto a Liturgia é o cume para o qual tende a ação da Igreja e, ao mesmo
tempo é a fonte de onde emana toda a sua força com sinais sensíveis para a santificação do homem, exercitada através do exercício do culto público integral pelo Corpo Místico de Cristo, cabeça e membros.
O Catecismo da Igreja Católica nos dá o norte quando fala da Litrgia:
“Disto se segue que toda celebração litúrgica, como obra de Cristo sacerdote e de seu corpo que é a Igreja, é ação Sagrada por excelência, cuja eficácia, no mesmo titulo e grau, não é igual por nenhuma outra ação da Igreja. (Ct. 1070, p. 262)
A primeira Constituição disciplinar promulgada pelo Vaticano II, o Sacrossanctum Concilium, que incrementa e trata da reforma da Liturgia, diz: “Toda celebração Litúrgica, como obra de Cristo sacerdote, e de Seu Corpo, que é a Igreja. É uma ação Sagrada por excelência, cuja eficácia, no mesmo título e grau, não é igualada por nenhuma outra ação da Igreja” (SC 7 . 532, p. 264) Ele meso falou: “Onde dois ou mais estiverem reunidos em meu nome, aí estarei no meio dele”. (MT 18,20). E nós nos reunimos em nome de quem? Façamos: Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
É do conhecimento de todo católico cristão, que Jesus Cristo salvou a todos por sua morte na Cruz, salvando a divida de toda a humanidade, por sua morte na Cruz saldando toda dívida com o Pai, pagando o preço de nosso pecado tornando-se vítima e sacerdote, entregando-se livremente, Ele não só é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, Ele é o Sacerdote e o Sumo Sacerdote do Pai.
A cada Missa celebrada, a cada Sacramento celebrado e a cada recitação do Breviário, a morte de Jesus é tornada nova e realmente presente, Altar e Cruz possuem a mesma identidade substancial, é a ação do sacerdócio de Cristo, pois toda Liturgia deriva da Cruz.
São duas as dimensões litúrgicas:
v Glorificação de Deus;
v Santificação dos homens.
uma completa a outra, uma é conseqüência da outra, que deve nos levar a uma aproximação maior com Deus e nos leva a uma atitude de conversão.
Santo Thomas de Aquino nos diz: “Todo o rito do culto cristão é derivado do sacerdócio de Cristo”. (S. Th III, q 63, a .3). O Catecismo da Igreja Católica desenvolve essa sentença do Angélico: “ Pela Liturgia, Cristo, nosso Redentor e Sumo Sacerdote, continua em sua Igreja , com ela e por ela, a obra de nossa redenção”. (Cat. 1069, p. 261). É no culto que o Senhor nos destina a realizar a obra de Deus para a qual fomeos chamados. “Um dia em que eles celebravam o culto do Senhor e jejuavam, o Espírito Santo disse: “ Reservai-me Barnabé e Saulo, em vista da obra a qual eu os destino”. (At 1,2).
O Espírito Santo é o motor, é Ele que move toda a ação da Igreja através do rito, dos símbolos e em especial do Sacerdócio Régio de Jesus.
Na Encíclica Mediador Dei sobre a Liturgia Pio XII define categoricamente: “ O sacerdócio de Jesus Crist está sempre em ato na sucessão dos tempos, não sendo a liturgia outra coisa que o exercício desse sacerdócio”. (Mediador Dei, 19 ).
A liturgia é a ação mais sagrada da Igreja, ela culmina na Missa, mas não se esgota nela. A Liturgia é continua em cada ato, em cada culto cristão, seja em um Batismo , na absolvição dos penitentes, na dedicação de uma Igreja, em uma procissão de Corpus Christi, no Canto solene das Vésperas, na benção de uma residência, ela provém da graça conquistada na Cruz ou seja ela brota da Cruz. Sua eficácia provém do próprio “ Verbo Encarnado”.
Sendo a Liturgia a ação de Deus e de seu povo, ela não pode nunca ser a ação de algumas pessoas ou de um determinado grupo ou movimento. Quem celebra é o povo de Deus, unidade do Espírito Santo. Não se trata aqui de um povo qualquer, mas um povo que convidado por Deus peal escuta da Palavra, se reúne em assembléia para celebrar.
A Liturgia não é só uma celebração dominical, nela encontramos todas as formas que a Igreja tem para celebrar o mistério de Cristo que nos permite através de ritos vivenciar e experimentar a intima comunhão com Deus e os irmãos. (doc. 43 CNBB) E para promover esta participação ativa devem-se “incentivar as aclamações do povo, as respostas, as salmodias, as antífonas e os cânticos, bem como as ações e gestos e o porte do corpo. A seu tempo seja guardado o silêncio sagrado”.(SC 30)
“Na Liturgia terrena, antegozante, participamos da liturgia celeste, que se celebra na cidade Santa de Jerusalém, para a qual, peregrinos, nos encaminhamos”. (SC 8 – Fl 3,20).
É de suma importância “resgatar o direito divino na liturgia” sem macular a ação salvífica de Cristo ou seja fabricar sua própria liturgia, desrespeitando a ancestral tradição liturgia do rito romano, conseqüentemente a norma positiva da Igreja.
Vale lembrar as sabia palavras de Santo Cura D’Ars: “Todas as boas obras juntas não se igualam ao valor do sacrifício da Missa, porque elas são boas obras do homens. e a Santa Missa é a boa obra de Deus. O martírio não é nada em comparação a isso; ele é o sacrifício que o homem faz de sua vida a Deus; a Missa é o sacrifício que Deus faz ao homem de seu Corpo e Sangue”.
Deus nos convida a mergulhar na natureza litúrgica da Santa Missa, lembrando-nos da história da salvação para a santificação continua de mulheres e homens e para a glorificação de Deus.
Nossa tarefa como cristãos é estudar em sua totalidade a natureza da Liturgia em todos os seus aspectos e dimensões, para compreendê-la e vivê-la à luz da Fé. Para isto a Igreja cuida minuciosamente de subsidiar seus fiéis leigos com documentos para tais estudos, juntamente com as Sagradas Escrituras.
O Sacrossanctum Concilium divide o estudo da Liturgia em dois momentos para facilitar o entendimento e a prática:
1- O momento da história da Salvação
1. A história da salvação
2. A origem da Igreja e da Liturgia
3. O mistério Pascal
4. A Liturgia, momento da história da salvação.
2- A liturgia, exercício do sacerdócio d e Cristo
1. O sacerdócio de Jesus Cristo
2. O sacerdócio dos cristãos
3. A Liturgia como ação simbólica – sacramental
4. Na liturgia Deus nos santifica e nós glorificamos a Deus
5. Na liturgia terrena participamos da liturgia celeste.
Infelizmente em muitos lugares os cursos de liturgia estão envolvidos com os contos e mitos ao invés de corresponder verdadeiramente `a verdade da doutrina e da disciplina da Santa Igreja Católica Apostólica Romana. Este assunto poderemos esplanar em outra ocasião quando estudaremos sobre os mitos que envolvem a Liturgia.
Nos deteremos a partir daqui no aprofundamento bíblico do mais sublime ato Litúrgico da Igreja – a Celebração da Eucaristia.
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